Certa vez, ouvi um conto
Ele mexeu comigo, trouxe encanto
Um sonho, numa perspectiva, antes esquecida
Soube que menina queria que a vida
Fosse uma aventura onde eu era a dona
E por estranha sina, de tanto desejar,
Não é que essa história viria?
Soube que seria, nos caminhos dançaria
E que eu cantaria, pra enfrentar a mesquinharia
Do dia a dia, da vida vazia, mas como eu queria,
Eu não me importaria
O que quer que fosse preciso, era certo, buscaria
E transformaria, dava meu jeito e trilharia,
Mas conquistar eu ia!
Claro, eu tive parceria,
Daquela boa, verdadeira, com amor,
Se não nem seria
Amar-o-elo, eu sentia
E amizade, prosa matuta, saudade
Conquistei o que meu coração pedia
Vô, vó, mãe, tia, pai, irmão, tudo família
Agradecia, ninho aquecido, do jeito que podia
E nada mais eu perderia
Pois chegou o momento que por mim eu lutaria
Mudei minha postura, meus hábitos, e onde chegaria?
Precisei de terapia, de muita sintonia, gostei de astrologia
De troca, de chamego, riso e aconchego, parecia magia
E mais arteterapia, pra lidar com o medo
Olhar a parte sombria, com sabedoria
E solidão, conexão pra desapegar da ilusão
Trabalho e profissão é seguir o coração
Já que liberdade é lugar de coragem
Audácia e uma boa dose de ancoragem
Nos irmãos que escolhi
E vi gente como eu era, eu senti!
Sem máscara pra encobrir a beleza
Da fragilidade que com certeza
Gera bondade pela pureza
Pois expor a alma é força, e não fraqueza
Ah, sim, onde eu queria ir?
Isso você sabe: apenas sentir
O sabor da vida: no corpo, na alma,
O gosto de estar vivo tem dor e prazer.
A dança, o brilho, o poder viver,
A paz de espírito, a sexualidade viva e a delícia de ser
O conto que dizia, de amor, de poesia
Na vida seguir com tempo e ousadia
Pra ser travessia!

(Vanessa Gonçalves)